Capitalismo – expropriação e
exploração constituíram o método
Grosso modo, pode dizer-se, seguindo Marx[1], que
o ponto de partida do modo de produção capitalista foi aquilo que ele designou
de “acumulação primitiva”.
A acumulação primitiva - no sentido de básica, de originária - permitiu
que a burguesia, emergente a partir da época moderna, acumulasse riqueza,
particularmente propriedade fundiária, para de seguida a transformar em capital,
recorrendo à exploração do trabalho e dos trabalhadores.
Neste processo,
há dois momentos intimamente imbricados a considerar: por um lado a apropriação
pela que virá a ser a elite capitalista de bens indispensáveis à produção – os
meios de produção – e por outro a privação da vasta massa da população desses
mesmos meios de produção que garantiam a sua subsistência – terra e recursos
nela contidos.
Desse modo os produtores diretos (trabalhadores) ficaram na dependência
daqueles que passaram a deter a posse e propriedade dos meios de produção
(patrões/capitalistas); obviamente que essa dependência vai criar condições
para que aqueles que apenas possuem capacidade de trabalho sejam explorados em
benefício daqueles que detém os meios de produção.
Resumindo o capitalismo pressupôs expropriação e exploração, sendo que a
primeira criou condições para que a segunda ocorresse. Este processo foi
particularmente violento na Inglaterra dos fins da época moderna (séculos XVII
e XVIII). Marx debruçou-se sobre ele e nós iremos revisitar esse cenário para
procurar perceber como as coisas se passaram.
[1] Capítulo XXIV do Volume I de O
Capital
Exemplo, já no século XX, foi o caso dos pequenos proprietários rurais, mormente na região do Douro, que viram as suas terras serem-lhes usurpadas pelos de maiores recursos, por impossibilidade de pagarem pequenos empréstimos.
ResponderEliminarObrigada pelo seu comentário que enriquece e permite perceber melhor o conceito e o modus operandi.
ResponderEliminarÉ interessante que o conceito de acumulação primitiva ao remeter para algo básico e originário continua atual e revela-se em diferentes momentos e circunstancias porque é inerente e estrutural ao capitalismo, Nos nossos dias, as privatizações de bens que são de todos, muitas vezes por valores irrisórios, autentica privataria, para usar um neologismo muito sugestivo, são disso o exemplo mais conhecido com o qual estamos familiarizados; veja-se o caso dos CTT que até davam lucro e que foram entregues a privados que encareceram imensos os serviços para os utentes e que têm um atendimento muito mais deficiente para pouparem nos custos do trabalho.