Sobre o Movimento Woke e a Teoria Racial
Crítica
Um dos aspetos do movimento Woke que
mais enfurece o liberalismo e o conservadorismo cultural é o recurso e a divulgação
dos princípios defendidos pela teoria racial critica, surgida nos Estados
Unidos na década de oitenta do século passado e atualmente muito divulgada. Vejamos
esses princípios, para de seguida concluirmos da sua ou não pertinência.
A Teoria racial crítica:
·
Identifica
a população branca como privilegiada, alegando que a diferença racial sempre
foi e continua a ser fonte de desigualdade social.
·
Defende
que o racismo é sistémico e está na origem da opressão; que não é conjuntural,
mas estrutural; ou seja, o racismo não é um preconceito que certos indivíduos
manifestam, é algo bem mais profundo.
·
Considera
que o racismo se manifesta na linguagem, nas ideias e nos comportamentos e práticas
sociais; por exemplo, o facto de a população carcerária negra ser extremamente
mais elevada que a branca é um sintoma de racismo existente na América.
·
Percebe
a não discriminação como um verniz formal que não tem expressão na prática; as
práticas continuam a ser discriminatórias: nas escolas, nos empregos, nas
condenações criminais, etc.
·
Conclui que aqueles que negam a supremacia branca ou o racismo sistémico e a
discriminação devem ser considerados racistas; só negam estas realidades para
que elas continuem a existir porque percebem que para as erradicar será preciso
reconhecê-las primeiro e tomar em seguida as medidas necessárias.
Esta teoria, que encontra a diferença
racial na origem da discriminação e desigualdade de tratamento a que os negros são
sujeitos é suportada por forte evidência empírica e compete a quem não a
aceitar o ónus da prova; todavia, há quem se lhe oponha e pretenda ver na
origem dessa discriminação tão somente uma situação de inferioridade social dos
negros em relaçao aos brancos: piores condições de habitação, de cuidados médicos,
de escolarização. Mas esta resposta é falaciosa (beg de question) porque obriga
a perguntar porque é que isso acontece, e não se encontra outra explicação a não
ser o racismo sistémico que de facto desde sempre tem existido no país e que nunca
foi seriamente encarado e contrariado a fim de se encontrarem soluções adequadas
para o resolver.
Portanto dizer que esta teoria não deve
ser ensinada nas escolas nem divulgada porque divide a sociedade norte
americana e é elemento de desunião, bla bla bla, seria constrangedor se não fosse
escandaloso! Todavia, grande parte da sociedade americana não vê o escândalo e
culpa as vítimas por denunciarem o crime de que são vítimas. E não se pense que
tal só acontece com a direita republicana mais ou menos extremista, também parte
da esquerda democrática se sente desconfortável com o assunto e lá vai
criticando o que designa de exageros e fanatismos. Um fenómeno lamentável a
qualquer título.
Sem comentários:
Enviar um comentário