É o Capitalismo, estúpido!
É preciso que percebam de uma vez por todas que as causas dos males que
nos afligem não estão com os políticos, nem com a esfera política, mas decorrem
do sistema económico em que vivemos que é o capitalismo.
Os políticos são tão simplesmente a fachada de que o capitalismo se serve
para navegar e se manter. De resto é fácil ver que, quando os governos não se
prestam e pretendem fugir à subserviência aos seus ‘senhores’, são rapidamente
derrubados ou desprestigiados e acabam por perder a eleição seguinte, numa
palavra, são afastados, ou por meios violentos ou por meios 'pacíficos' e legais.
Isto é fácil de conseguir desde que se domine a comunicação social nas suas
formas mais importantes e de maior capacidade interventiva e nós sabemos -
penso que é consensual - quem domina a comunicação social, tanto a clássica como
a digital, logo, quem mexe os cordelinhos do poder no qual os políticos são as
marionetes, os fantoches.
O segredo do
sucesso do capitalismo tem residido em boa parte no facto de manter a aparência
e o verniz democrático, que, todavia, está cada vez a estalar mais, permanecendo
ele próprio profundamente antidemocrático. Fala em liberdade, mas esconde que a
liberdade que lhe interessa é a dos mercados, ora quem domina os mercados são obviamente
as corporações capitalistas, nomeadamente os bancos e o setor financeiro em geral. Fala em direitos humanos, todavia ignora ostensivamente que a
primeira e básica condição para gozar direitos é ter asseguradas as condições materiais
de sobrevivência, mas sobre isso diz zero e faz nada; bem ao contrário.
Portanto será
bom começarem a perder o medo e restaurarem palavras de ordem que levem as
pessoas a perceber onde reside o problema, e o problema reside no sistema de
vida social que o capitalismo engendra. Só assim, encontrando a causa, se pode
começar a pensar em soluções possíveis para a eliminar; se pode começar a
imaginar e a figurar um futuro diferente.
Neste aspeto os partidos de esquerda, na sua maioria de esquerda
liberal, ainda alimentam a ideia peregrina de que o capitalismo é remodelável e
por isso nem falam nele, falam sempre em medidas pontuais, exemplo, aumento de salários,
melhores serviços públicos, política anticorrupção, etc., isto é, atacam os sintomas,
mas não a causa da doença. Atacam os políticos, mas não os poderes económicos que os sustentam Estes partidos são muito bem-comportados e, com tal procedimento, tornam-se perfeitamente irrelevantes;
por isso o sistema capitalista permite a sua existência, até para mostrar que afinal é
pluralista. Só não percebe isto quem não quer ver.
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