Neoliberalismo, extrema
direita e fascismo
Em How will capitalism end? (2016), Wolfgang
Streeck explica que com o fim do ciclo de crescimento do pós-guerra - década de
oitenta do século passado - as classes que dependiam do lucro perceberam a globalização
e a deslocalização das empresas capitalistas para a periferia do sistema como
um caminho possível para continuarem a crescer com base na exploração do trabalho,
em melhores condições de rentabilidade.
Havia requisitos materiais para que esse novo caminho pudesse ser percorrido, graças às novas tecnologias da comunicação e da informação, e o que era possível tornou-se real. Só que no curto prazo, o poder do trabalho e dos trabalhadores dos países centrais, nomeadamente dos Estados Unidos, enfraqueceu e diminui e aí entrou o neoliberalismo com a sua ideologia do empreendedorismo, do salve-se quem puder, como novo modelo económico, e com a crítica ao estado gastador e concomitante defesa da diminuição dos impostos para os ricos, que o não investimento na segurança social tornava viável.
O desemprego aumentava, mas exigia-se
do Estado disciplina económica, o que significava diminuição do teto de gastos com
a segurança e proteção dos mais vulneráveis o que gerou descontentamento
popular que era preciso canalizar, não de modo a responsabilizar o sistema económico,
mas antes o seu braço político, a democracia liberal; era como se a democracia
deixasse de ser funcional para o sistema económico.
É nesse contexto que entra a extrema direita, os
governos populistas e uma espécie de neofascismo, e é aqui que de momento nos
encontramos, com experiências já no terreno tanto na União Europeia como nos Estados Unidos e na América do Sul. "Nada de novo na frente ocidental!"
Será que a sublevação popular ainda consegue inverter esta intensificação do capitalismo ou é ela que, neste momento, alimenta o retrocesso a políticas totalitaristas? O que podemos fazer para impedir esta deriva, se o próprio sindicalismo está enfraquecido e desacreditado?
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